O guia definitivo dos amplificadores Fender

Antes do lançamento de algumas das guitarras e contrabaixos mais icônicos da história, Leo Fender montava e configurava sistemas de P.A. para algumas bandas da Califórnia. Essa atividade criava desafios em que ele precisava consertar e modificar circuitos e criar algumas soluções que até então não existiam.

É dessa experiência que nascem os amplificadores Fender. Bom empreendedor, Leo detectou que o mercado de amplificadores ainda tinha muito a ser desenvolvido, ao mesmo tempo em que seus instrumentos precisariam de bons amplificadores para chegarem ao seu ápice de performance. Unindo o útil ao agradável, ele se dedicou de corpo e alma ao desenvolvimento dos amplificadores, desde o aperfeiçoamento dos circuitos até a parte estética. Isso explica porque a marca até hoje é tão reconhecida tanto pela qualidade de seus amplificadores quanto de suas guitarras e baixos.

A seguir, fizemos um breve resumo da linha do tempo dos amplificadores Fender, mostrando como a evolução ao longo dos anos fez com que a marca fosse reconhecida como referência nesse setor.

WOODIE ERA & TWEED: O início de tudo.

Todos os amplificadores Fender descendem dos três modelos "woodie" de 1946 - o Princeton original, o Deluxe (também chamado de "Modelo 26") e o Professional. Os amplificadores apareceram na primavera daquele ano, quase imediatamente após a criação da Fender com a dissolução de sua antecessora, a K&F Manufacturing Corp. Com um avanço considerável no design e em suas construções, os amplificadores eram feitos em gabinetes de madeira aparente. Daí "woodie", apelido que surgiu depois, criado por colecionadores. Além disso, a linha tinha os tecidos das grades em vermelho, azul e amarelo/ouro. Na frente, eles possuíam 3 tiras metálicas que traziam uma estética mais brilhante ao mesmo tempo em que ofereciam proteção aos alto-falantes.

Primeiro "woodie": Princeton

Lançado como modelo de estudante, o Fender Princeton era o menor e mais simples dos três. Possuía 6 watts de potência e 3 válvulas, com duas entradas na parte traseira e um único alto-falante Jensen de 8". Não possuía nenhum controle, já que a guitarra "Princeton", o protótipo do momento, já tinha um controle de volume. Também não contava com botão liga / desliga: quando conectado, ele estava ligado e, quando não conectado, desligado.

Eis o Princeton original - o mais básico possível. Sua próxima versão evoluiu significativamente em 1948, quando foi redesenhado como um modelo forrado em tweed.

Dobrando a potência: Fender "woodie" Deluxe

O segundo dos três woodies originais foi o Fender Deluxe, também chamado de "Modelo 26". Primeiro a ser venerado entre os amplificadores Fender, apresentava um único alto-falante de 10", cinco válvulas e 14 watts de potência. Pode não parecer muito hoje, mas em 1946 isso era o suficiente para praticamente todas as situações.

O woodie Deluxe original possuía três entradas: duas para instrumentos e uma para microfone. Três knobs de controle: volume do instrumento, volume do microfone e tone. Os Deluxe, assim como os Princeton, não tinham placa de circuito; a maioria dos componentes era conectada entre si sem fios. As placas de circuito para os modelos woodie Deluxe vieram apenas em 1947. Naquele ano, os falantes também passaram a contar com imãs permanentes.

Fender "woodie" Professional: para ir mais além.

O maior dos três amplificadores woodie originais. Com 25 watts em um único alto-falante Jensen de 15", contava com os melhores componentes e na época eram, de fato, mais do que a maioria dos músicos precisava. Por isso, relativamente poucos foram construídos, o que os tornam raríssimos nos dias de hoje.

O woodie Professional era fabricado com seis válvulas e o circuito era mais sofisticado comparado aos irmãos menores. Ele tinha controles de volume do instrumento e do microfone e um controle de tone "reverso", que destacava agudos proeminentes quando girado no sentido anti-horário.

Amplificadores Fender Tweed - Reviravolta nos designs.

Os famosos amplificadores Fender Tweed são o próximo passo dos amplificadores da Woodie Era, produzidos entre 1952 e 1964. Surgiram basicamente como evoluções dos woodies, porém já em um momento em que a guitarra estava em alta e as vendas de amplificadores Fender superavam as de instrumentos. Com o sucesso comercial, Leo Fender decide renovar o visual para que os amplificadores ganhassem destaque em programas de TV e nos palcos.

Os primeiros Tweed eram chamados de Tweed TV pelo seu formato, que parecia o de uma televisão da época. Depois, o design foi remodelado com as extremidades superior e inferior em um painel do mesmo tamanho, chamados de wide panels. Por fim, os paineis frontais foram reduzidos e a contrução definitiva ficou conhecida como narrow panel.

A série Tweed original contempla os modelos Fender Bandmaster, Fender Bassman, Fender Blues Deluxe Reissue, Fender Champ, Fender Harvard, Fender Princeton, Fender Pro, Fender Super, Fender Tremolux, Fender Tweed Deluxe, Fender Twin, Fender Vibrolux.

Brownfaces & Blondes

Esse período durou poucos anos, de 1959 a 1963. Apesar disso, marcaram época com a introdução de novos designs e preparando o terreno para a era de ouro dos amplificadores Fender, os "Blackface" sobre os quais falaremos mais adiante.

Uma outra característica essencial do período, é que esta era marcou o início do uso de tolex pela Fender em seus amplificadores. Normalmente com os amplificadores Blonde sendo os amplificadores piggyback (cabeçote e caixa), como Tremolux, Bassman, Showman, e os amplificadores Brown sendo os amplificadores combo. Há excessões, mas via de regra, esse era o padrão.

Esses amplificadores também marcaram o início de uma fase de maior flexibilidade, com a adição de mais canais aos amplificadores além do uso de reverb, tanto autônomo quanto combinados aos circuitos dos amps.

E como os amplificadores Brownface foram fabricados por um curto período de tempo, hoje os originais são raríssimos e super cultuados por artistas de Rock e Jazz.

A era Blackface

Para muitos, a era de ouro dos amplificadores Fender. De fato, os amplificadores do padrão Blackface são os mais vistos até hoje, tanto os originais quanto as reedições. Os originais foram lançados entre os anos de 1963 e 1967, com alguns modelos sendo fabricados até 1968. No meio desse período, em 1965, a Fender é adquirida pelo grupo CBS. Por esse motivo as expressões "Pré CBS" e "Pós CBS" são comumente usadas quando se fala desses amplificadores, embora os circuitos das duas "eras" fossem exatamente os mesmos.

Fato é que os Blackface se tornaram populares logo que foram lançados e permanecem até hoje como ítens obrigatórios no backline de músicos que buscam um som clean inigualável, e um overdrive clássico quando saturado.

A lista completa dos amplificadores Blackface originais conta com:

Fender Champ, Fender Princeton, Fender Deluxe, Fender Vibrolux, Fender Pro, Fender Concert, Fender Super Reverb, Fender Vibroverb, Fender Twin Reverb, Fender Tremolux, Fender Bandmaster, Fender Bassman, Fender Showman.

Silverface

Originalmente produzidos de 1967 a 1980, os amplificadores Silverface usavam o mesmo tolex preto de seus antecessores Blackface, mas com painéis de controle com efeito de aço escovado - daí o apelido "Silverface".

A série tinha a difícil missão de substituir os aclamados Blackface e a princípio foi vista com uma certa desconfiança por colecionadores e saudosistas. Alterações nos circuitos, principalmente nos estágios de saída, não foram muito bem aceitas. Essa desconfiança era reforçada pelo fato de a Fender pertencer ao grupo CBS nesse período, quando havia uma percepção de que os novos amplificadores de guitarra eram desenvolvidos sob uma política da CBS de redução de custos.

Apesar disso, os amplificadores foram usados por guitarristas aclamados da época, como Johnny Marr da "The Smiths", George Harrison, John Lennon, Mark Knopfler, entre outros.

A era Silverface também é o período onde a Fender lança seus primeiros amplificadores Solid State, o que veremos a seguir.

Amplificadores transistorizados e o "Red Knob"

A presença de modelos transistorizados na Fender remonta ao fim dos anos 60, de maneira discreta. A idéia era criar amplificadores Solid State com uma qualidade de timbre similar à dos valvulados, mas de maneira mais simples, barata e de fácil manutenção. Porém, os amplificadores Solid State nunca ganharam o coração do público. Uma tecnologia nova, com componentes diferentes, e a inconsistência no desenvolvimento dos projetos trouxeram uma má reputação. Os mais notórios, vieram em 1969 com a famigerada "Zodiac Series".

O Super Showman foi projetado por Seth Lover e Richard Evans. Era composto por um pré-amplificador e dois gabinetes autoalimentados. Apresentava canais em cascata e efeitos integrados como fuzz, vibrato e delay. Os gabinetes tinham uma configuração de "emulação de tubo", provando ser uma das primeiras vezes na história que esse recurso apareceu.

Como o sucesso comercial não veio, a Fender suspendeu a produção de transistorizados em 1971 e só voltaria a tentar desenvolver novos modelos mais de uma década depois.

Entre eles, os "Red Knob", produzidos entre 1987 e 1993 na fábrica da SUNN (referência em amps Solid State). Esses amplificadores dividem opiniões, mas são provavelmente os amplificadores Fender mais cultuados pelos fãs de amplificadores transistorizados.

Modelação digital e os tempos atuais

Os primeiros amplificadores digitais que tiveram uma certa notoriedade foram os G-DEC (Guitar Digital Entertainment Center). Foram lançados em 2007 junto com um pacote de software para PC para permitir a emulação de uma ampla gama de pedais e amplificadores. Os G-Dec fizeram sucesso na época, mas seus efeitos, baseados na tecnologia MIDI, foram rapidamente desatualizados. Um G-DEC 3 atualizado foi lançado em 2010, e substituído pela série Mustang I em 2012.

Os Amplificadores Mustang foram a verdadeira revolução digital da Fender.

É necessário pontuar que é uma tecnologia completamente diferente dos valvulados e transistorizados tradicionais, principalmente porque a tecnologia digital permitiu que a série Mustang pudesse simular plataformas já conhecidas (emular praticamente qualquer amplificador da Fender), além de criar presets e inserir efeitos como reverb, delay, chorus, flanger, entre outros.

Esse mundo repleto de possibilidades posiciona a linha como uma opção perfeita para iniciantes, intermediários e todos aqueles que necessitam diversas máquinas em apenas um dispositivo, como músicos da noite que tocam estilos diferentes.

Os amplificadores contam com telas de LCD e controles intuitivos, além de conectividade wifi para download e compartilhamento de presets através da plataforma Fender ToneApp (Acesse Aqui).

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